16 de abril de 2013

Uma trajetória de fé e arte

Perícia na arte veio do berço

A trajetória dos Irmãos Silva, como são conhecidos em São João del-Rei Cláudio, Rogério e José Luiz da Silva é dessas histórias bonitas que parecem inventadas. Tudo começou com o patriarca da família Silva, Júlio Teixeira de Almeida, feitor da Estrada de Ferro Oeste de Minas, que em virtude dos poucos recursos financeiros, aprendeu a fazer, ele próprio, os móveis e utensílios de que precisava. 

A tradição continuou com o filho, Antônio Luiz, que pai de seis filhos, fazia com as próprias mãos os móveis e brinquedos com que presentearia os filhos no Natal. Os irmãos Cláudio, Rogério e José Luiz, a exemplo do pai, cresceram criando seus próprios carrinhos e brinquedos, conscientes dos recursos limitados da família. “Acho que tudo começou como uma brincadeira. Em tudo que fazia, nosso pai contava com nossa ajuda e lançava um desafio: vamos ver quem termina primeiro, deixando para os filhos as tarefas menores. Nunca deu o peixe, ensinava a pescar” conta José Luiz, com orgulho de recordar a infância em Cassiterita, hoje Conceição da Barra de Minas.

A mudança para São João del-Rei

A vinda para São João del-Rei, nos anos 70 e o trabalho do pai como restaurador da Igreja do Carmo, aproximou os irmãos Cláudio, Rogério e José Luiz do universo barroco. O trabalho como marceneiros, no entanto, começou na fábrica de móveis Casarão D’el Rey e continuou em outras fábricas, paralelo aos trabalhos feitos sob encomenda. Nesse caso, tudo esculpido manualmente, com ferramentas rudimentares.

O primeiro maquinário foi comprado com a ajuda de um cliente de São Paulo, o argentino Juan Benezaga, que visando o aumento de produção da pequena oficina, acreditou nos artistas. A grande oportunidade veio através de Padre Paiva, que já conhecendo o trabalho dos irmãos Silva, intermediou, em 2001, a encomenda de um altar para a Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Nova Iguaçu. “Acho que é um dom de Deus, ninguém cursou Engenharia ou Arquitetura e desenvolvemos nossos próprios projetos” conta José Luiz diante da admiração de todos com a obra pronta. Antes do altar, os irmãos Silva já haviam feito outros trabalhos para a Catedral do Pilar como um ambão (estante de onde são feitas as leituras), duas credências (mesas auxiliares na Capela Mor) e a cátedra do bispo, cadeira imponente, mais parecida com um trono. Todas as peças são desenhadas, confeccionadas a mão e ornadas com talhas pelos artistas.

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